Marxismo no Brasil
O marxismo é uma ideologia universal e seus laços internacionais são, em muitos aspectos, determinantes. É impossível dar conta da evolução da esquerda marxista no Brasil sem relacioná-la com os acontecimentos mundiais, no transcorrer da sua trajetória o marxismo se dividiu em diversos matizes até mesmo hostis. O próprio termo original sofreu modificações passando a ser acompanhado de qualificativos, os quais dependem da ótica de quem os utilizam e a quem se referem. No embate político-teórico se tornou comum o uso de denominações como o “verdadeiro marxismo”, o “falso”, o “estrito” e “amplo”, o “ortodoxo” e “revolucionário”, o “dogmático” ou “criador”. Como escreveu Haupt, há muito que o “marxismo” no singular foi substituído pelo plural: “marxismos”.
Eis o nosso ponto de partida: a natureza plural inerente ao marxismo, embora única, a obra de Karl Marx inspirou diversas interpretações e se desdobrou em múltiplas correntes políticas e teóricas, além de se constituir em referência para práticas profundamente contraditórias. Segundo Hobsbawm (1989), a análise do marxismo deve levar em conta que a obra que fundamenta os marxismos contém impasses e limitações determinadas pelo contexto histórico, o que favorece ainda mais a diferenciação na interpretação, seus sucessores mais ilustres acrescentaram novos elementos teóricos que enriqueceram as análises originais, mas também, em alguns casos, representam questionamentos e graus variados de ruptura, a evolução do marxismo foi efetivada a partir de continuidades-descontinuidades, seu desenvolvimento também foi influenciado pelas particularidades nacionais, seu crescimento e a necessidade de responder aos dilemas colocados por conjunturas históricas diferentes – no tempo e no espaço – geraram inúmeras polêmicas que aprofundaram as leituras seletivas e, no extremo, levaram ao abandono de princípios anteriormente reverenciados.
O maior feito da teoria de Karl Marx e Friedrich