Maor
O texto se apresenta predominantemente em terceira pessoa e mantém a principal característica dos textos de Clarice Lispector: uma incrível riqueza de detalhes ao descrever o subconsciente de seus personagens. Como pode se verificar nos seguintes trechos de outras obras, como no conto “O Búfalo” presente do no livro “Laços de Família”:
“Como se ela não tivesse suportado sentir o que sentira, desviou subitamente o rosto e olhou uma árvore. Seu coração não bateu no peito, o coração batia oco entre o estômago e os intestinos.”
No ínicio do conto nos deparamos com uma discussão entre dois adolescentes apaixonados, que serve como gancho para o desenvolvimento da história, que se dá nas lembranças do personagem.
A realidade irrefutável do texto é o amor que o personagem tem por sua namorada. E a dúvida na história é o significado que o garoto atribui á forma como matou a sede naquela tarde de verão no caminho da excursão num chafariz que havia uma estátua em forma de mulher, dando tamanha profundidade ao momento vivido, como se tivesse tocado, como se tivesse sentido os lábios daquela mulher nos seus. E como num beijo, sentiu o líquido revitalizante da suposta saliva da mulher e sentiu tamanha tensão que pela primeira vez, sentiu que havia se tornado homem. Essa emoção incontrolável pode ter sido causada além do toque da estátua nos seus lábios,como pela própria forma que se apresentava: uma forma feminina completamente nua. O que como o garoto sendo um personagem na puberdade, não pode evitar de se sentir maravilhado pelas curvas da mulher de pedra.
Conforme o filósofo francês Michael Foucault afirma “Aquilo qualificado de verdadeiro não habita num já-aí; antes, é produzido como acontecimento num espaço e num tempo específicos. No espaço, na medida em que não pode ser válido em