Luto
Segundo Sanders (1999; pág. 3) relata a dor da perda da seguinte forma: "A dor de uma perda é tão impossivelmente dolorosa, tão semelhante ao pânico, que têm que ser inventadas maneiras para se defender contra a investida emocional do sofrimento. Existe um medo de que se uma pessoa alguma vez se entregar totalmente à dor, ela será devastada - como que por um maremoto enorme - para nunca mais emergir para estados emocionais comuns outra vez". O tempo acaba por ser o maior aliado para ultrapassar a inolvidável perda, permitindo uma recuperação lenta e gradual. Porém, o sobrevivente tem também um papel ativo no processo de luto, tendo que efetuar determinadas tarefas de forma a "deixar ir" o ente perdido e seguir em frente com a sua vida. Quando estas tarefas não são realizadas, acaba-se por passar a ténue e imprecisa linha que separa o luto normal do luto patológico. Neste último, verifica-se que a severidade dos sintomas do luto, características de uma fase inicial que se segue à perda, acaba por se prolongar por um período de tempo superior ao habitual.
Dos vários tabus que marcam a história da nossa sociedade, a sexualidade e a morte parecem ter sempre ocupado os primeiros lugares. Este último, ao contrário da sexualidade, continua a ser um tema muitas vezes non grato, pois falar da morte recorda-nos a efemeridade da nossa própria vida e todos os esforços são feitos no sentido de tentar contrariar o incontornável facto da mortalidade. A própria estrutura que a sociedade ocidental adoptou vem facilitar este afastamento direto da morte, dificultando, no entanto, a adaptação necessária à perda, para prosseguir com a vida. O facto das pessoas morrerem cada vez mais frequentemente nos hospitais, por vezes longe da presença familiar no momento da perda, acaba por afastar a confrontação