Linguística cognitiva
Valeria Coelho Chiavegatto
(Universidade Gama Filho)
RESUMO
Abordagem dos principais caminhos de desenvolvimento da linguística cognitiva, apresentando alguns dos princípios que interligam cognição, linguagem e interação nos enunciados linguísticos, apresentando alguns dos procedimentos descritivos que permitem aos analistas explicarem como as formas linguísticas e discursivas estão calcadas em processos cognitivos amplos e gerais dos quais a linguagem faz parte, como instrumento de expressão e compartilhamento de conhecimentos entre os homens. PALAVRAS-CHAVE: linguistica cognitiva; cognição: linguagem; interação; processos cognitivos.
1.Introdução
Quando dizemos que alguém é unha e carne com outra pessoa ou que as atitudes que toma com pessoas ou instituições são do tipo fazer barba, cabelo e bigode, estamos deixando entrever operações mentais complexas, que projetam conhecimentos entre domínios linguísticos, cognitivos e interacionais. Interligamos o que conhecemos da língua ao que vivenviamos no mundo sobre unhas e sua união à carne ou ainda sobre irmos ao barbeiro e sairmos com nova aparência após termos cortado os cabelos, feito a barba e aparado os bigodes. Tais saberes adquiridos na vida social e na cultura a que pertencemos, são matraga, rio de janeiro, v.16, n.24, jan./jun. 2009
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INTRODUÇÃO À LINGUISTICA COGNITIVA
projetados entre domínios distintos – o do corpo e o dos relacionamentos – e dessas correlações novos sentidos são construídos.
Usos linguísticos dessa natureza mostram-se extremamente dinâmicos e permeáveis às experiências dos sujeitos e de suas comunidades. Para descrever a riqueza desse multifacetado fenômeno - o funcionamento das línguas nos contextos comunicativos – surgiu uma corrente de estudos linguísticos que, ao final do século XX, se autodenominou Linguística Cognitiva, que introduziremos neste artigo.
Margarida Salomão, uma das introdutoras da linguística