Laranja Mecânica e o Controle Social.
RESENHA
O filme Laranja Mecânica foi produzido em um período em que, no mundo anglo-saxônico, havia um recrudescimento do sistema penal. A partir da década de setenta, na Grã Bretanha e nos EUA, começaram a se operar modificações na política criminal, que contrastavam com a política anterior, mais focada na reabilitação do criminoso. Após a Segunda Guerra Mundial, no Estado de bem-estar, o criminoso passou a ser encarado como alguém passível de recuperação ou correção e que praticava os atos que praticava por várias razões como falta de oportunidade de boa educação e de trabalho e por problemas mentais. Nessa nova década, o sistema penal pôs de lado o ideal correcionalista, fazendo prevalecer o retributivista. A prisão não deveria mais ter como foco a recuperação do indivíduo para sua posterior reinserção na sociedade, mas sim o castigo e a neutralização dele. As atitudes criminosas passaram a ser entendidas não como consequências de falta de oportunidade de vida ou de desajustes psicológicos, e sim de falta de controle adequado. Merece destaque também, no filme, a relação entre política e sistema prisional, bem evidenciada quando o partido político que governa o país cria um novo método de "recuperação" e em torno dele deposita expectativas eleitorais. David Garlan narra que a partir da década de setenta as medidas governamentais tomadas em âmbito criminal deixaram de considerar a opinião dos especialistas, ficando atreladas diretamente à vontade popular. Os governantes estavam interessados prioritariamente em agradar ao eleitorado, mesmo que isso implicasse desrespeito aos direitos mais básicos dos detentos. No longa de Kubrick, isso