Isabel Solé
Revista Pátio
"Na escola, não se aprende só a ler, mas também maneiras de ser leitor"
A espanhola Isabel Solé dedicase há anos à pesquisa sobre o ensino e a aprendizagem da leitura, os processos envolvidos na compreensão leitora e sua vinculação com a aprendizagem. Professora do Departamento de Psicologia Evolutiva e da Educação na Universidade de Barcelona, Isabel Solé é também autora de diversos livros, dos quais três foram publicados em português pela Editora Artmed: Estratégias de Leitura, Aprender e Ensinar na Educação Infantil, em colaboração com Eulalia Bassedas e Teresa Huguet, e o recém-lançado Assessoramento Psicopedagógico, organizado em conjunto com Carles Monereo. A Artmed também está produzindo seu livro Orientação Educacional e Intervenção Psicopedagógica. Na entrevista a seguir, concedida à Pátio por e-mail, Isabel Solé aborda várias questões inquietantes para os educadores que trabalham com alfabetização.
Pátio - Muitos países da América Latina estão preocupados com o analfabetismo. O combate a esse problema continua fazendo parte dos programas de governo de esquerda e de direita. Como a senhora vê a situação da alfabetização hoje na América Latina?
Isabel Solé - Não disponho de conhecimento suficiente sobre as políticas de alfabetização na América Latina para responder concretamente a essa pergunta. Posso apenas apontar que o analfabetismo é um fator de exclusão social e de marginalização, por isso parece lógico que os governos sintam a urgência de erradicar tal problema, especialmente se se trata de um governo de linha progressista, que deve ter na construção de uma sociedade mais justa, igualitária e coesa um de seus principais objetivos. Sem que pressuponha nenhum menosprezo pelas pessoas analfabetas, é evidente que nas sociedades letradas elas se encontram em desvantagem em relação aos alfabetizados. Por outro lado, a crescente presença das novas tecnologias da informação e da comunicação exige políticas