inércia da administração pública
Numa época em que a sociedade brasileira está reavaliando a sua forma de mensurar o desempenho dos governos e da gestão pública, merece destaque a “contundente” declaração de uma ex-dirigente do alto escalão do governo federal, na qual afirmou, numa entrevista recente, que saia frustrada por não ter tido mais celeridade nas entregas de alguns projetos essenciais do governo Dilma Rousseff. A culpa, segundo ela, seria, principalmente, da “acomodação e inércia da máquina pública”, que não está acostumada com uma cultura de resultado, de comprometimento de entregas.
Diante dessas argumentações, torna-se relevante destacar que os problemas enfrentados pela administração pública brasileira, que a tornou acomodada e inerte, são muito mais complexos do que os apontados pela ilustre ex-dirigente. Eles são resultados de um descaso dos governantes e políticos brasileiros, ao longo da história, com raros espasmos, que nunca se preocuparam em montar uma administração pública bem estruturada, treinada, motivada, com infraestrutura e tecnologia de ponta, para apoiar o desenvolvimento do país. É oportuno lembrar que nenhum país no mundo alcançou um nível de desenvolvimento elevado, sem contar com uma administração pública competente e respeitada, capaz de responder aos anseios e demandas da sociedade.
As dificuldades no funcionamento adequado da administração, que não permitiram que a ilustre ex-dirigente tivesse o sucesso esperado na sua empreitada no governo, tem origem num passado distante, nos ranços colonialistas, na formação autoritária do Estado brasileiro, no qual prevalece uma cultura patrimonialista latente, na falta de educação, de consciência política e de cidadania da população. Esse contexto torna as instituições, ministérios, órgãos e empresas públicas, presas fáceis para a captura, desmandos e negociatas de partidos e políticos populistas, para arrecadação de recursos para financiamento de campanhas políticas,