Intercultura e educação
Intercultura e educação*
Reinaldo Matias Fleuri
Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Educação
Introdução
Desde o lançamento dos Parâmetros Curriculares
Nacionais, que elegeram a pluralidade cultural como um dos temas transversais (Brasil, Ministério da Educação, 1997), o reconhecimento da multiculturalidade e a perspectiva intercultural ganharam grande relevância social e educacional com o desenvolvimento do
Referencial Curricular Nacional para as Escolas Indígenas, com as políticas afirmativas das minorias étnicas, com as diversas propostas de inclusão de pessoas portadoras de necessidades especiais na escola regular, com a ampliação e reconhecimento dos movimentos de gênero, com a valorização das culturas infantis e dos movimentos de pessoas de terceira idade nos diferentes processos educativos e sociais.
Além desses temas, que vêm se consolidando em
* Contribuíram na elaboração dos subsídios para este artigo
Maria Izabel Porto de Souza, Silvana Maria Bitencourt e Lia Vainer
Schucman, principalmente por ocasião da construção das seguintes publicações precursoras: Souza (2002); Souza e Fleuri (2003);
Fleuri, Bitencourt e Schucman (2002).
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âmbito nacional, outras questões que ocorrem em âmbito internacional vêm desafiando os estudos no campo da intercultura. A globalização da economia, da tecnologia e da comunicação intensifica interferências e conflitos entre grupos sociais de diferentes culturas, particularmente na conjuntura recentemente agravada por ações políticas de caráter belicista por parte de nações hegemônicas, assim como pelas diversas formas de “terrorismo” desenvolvidas por organizações fundamentalistas. Diante desses problemas, diferentes iniciativas e movimentos vêm desenvolvendo propostas de educação para a paz, para os direitos humanos, para a ecologia, para os valores etc.
Tais propostas educativas pressupõem a renovação dos paradigmas científicos e metodológicos.