Inclusão de alunos
2 latas de miséria
2 xícaras de solidão
2 colheres de comodismo
1 colher de desemprego
1 colher de corrupção
1 colher de desamor
1 pitada de politicagem
Modo de Preparo:
Misture numa escola bem áspera a miséria com a solidão. Bata até entranharem-se bem. Não deixe cair um pingo de dignidade, pois entorna tudo. Em seguida acrescente o comodismo, o desemprego e a corrupção. O desamor é o toque especial que fará do analfabeto alguém perfeitamente amargurado. A politicagem deve ser semeada a gosto. Muitos preferem o analfabeto mais dependente, para tanto, haja politicagem!. A escola tem que ser depredada, quebrada, escancarada e bem quente. Quanto mais quente, menor o tempo para cozimento de sua consciência. Não é preciso mais que alguns dias nestas condições e ele estará prontinho. Esta receita é para apenas 1 analfabeto. Acrescentando-se, porém, a dosagem dos ingredientes e utilizando-se das mesmas condições anteriormente descritas pode-se produzir dezenas de milhares por ano.
O analfabeto é, ainda hoje, um produto de muito prestígio em inúmeras regiões do país e sua cotação tem se elevado bastante. É apreciado, sobretudo, por politiqueiros, paternalistas e clientelistas, além de aproveitadores que saboreiam-no de variadas formas. São incluídos sempre no cardápio do Fundef para engordar os repasses aos municípios. A última receita, da qual o Piauí é recordista é o analfabeto "a la fantasma". Só em 1999 foram produzidos 19.173.
P.S. Você não precisa ser prefeito, governador, presidente ou secretário de educação para transformar-se num bom produtor de analfabetos. Basta ser muito interesseiro, individualista e maquiavélico. (João Benvindo de Moura)
"Os tiros que, pelas costas, atravessaram o coração e calaram a voz de João Pedro Teixeira a 2 de abril de 1962, num pôr-de-sol da Paraíba, estraçalharam também as cinco cartilhas que ele, analfabeto, pastor protestante, pai de onze crianças de pouca idade e presidente da Liga Camponesa de Sapé, levava