Ideário Constitucional
Estamos vivenciando o ano de comemoração do cinqüentenário do Movimento da Legalidade, fato de extrema importância política e social no contexto histórico brasileiro, e que, apesar dos conflitos, nos deixou um significativo legado. Tal celebração tem por propósito, comemorar o resgate de fatos e acontecimentos históricos que ocorreram na década de 60.
No ano de 1961, é eleito para presidir a República, o candidato da UDN Jânio Quadros, seguido pela reeleição do vice-presidente João Goulart, do PTB. Jânio recebera ainda a maior votação da história constitucional do país até então. Porém, no mesmo ano de sua posse, Jânio Quadros surpreendeu a todos ao consumar sua renúncia, em 25 de agosto.
O Brasil passou por momentos de intensa instabilidade, onde setores da sociedade, como militares, defendiam o rompimento da ordem jurídica, o impedimento da posse por parte do vicepresidente João Goulart, este que encontrava-se em visita a China, e a convocação de novas eleições.
A população conturbou-se ao tomar conhecimento do veto da posse de João Goulart. No Rio
Grande do Sul, a mobilização popular atingiu um nível surpreendente, onde começaram a se formar comitês de resistência e voluntariado. O povo gaúcho contava com o então governador Leonel Brizola, um dos precursores da Legalidade, movimento de resistência que fora criado para garantir a constitucionalidade e cujo objetivo estava voltado para a posse de João Goulart.
Brizola, isolado então no Palácio Piratini, sabia que para atingir a todos, precisava de instrumentos que lhe fossem influentes, para isso, promoveu a Rádio da Legalidade, que era transmitida de dentro dos porões do Piratini para diversas localidades, obtendo assim, uma maior mobilização por parte de todos.
A situação se agravava e nenhuma das partes, Brizola nem militares cedia. Manifestantes se concentravam nos arredores do Palácio e mesmo com barricadas e ameaças de bombardeios aéreos ali
permaneceram.