História e Ciência
A Idade Moderna predominantemente europeia, que começou a ser sentida em meados do século XIV-XV, foi marcada por inúmeras mudanças. Na política, a degradação do sistema feudal e a centralização do Estado; o desenvolvimento de uma lógica mercantil na economia; o surgimento da burguesia e uma nova organização social; a quebra no monopólio do saber da Igreja Católica com a Reforma Protestante.
Dentre essas mudanças, o Renascimento caracterizou uma das principais rupturas com a Idade Média, pois introduziu pensamentos voltados para o Humanismo e formas de enxergar o homem como agente no mundo. Intimamente ligada com essa linha de pensamento, a Ciência Moderna, que pode ser considerada uma continuação da “Filosofia Natural” dos Antigos, foi chamada – e ainda é em alguns documentos – de “Revolução Cientifica”, sendo justificada por novas descobertas a cerca dos planetas, pela dissociação do caráter divino dado aos fenômenos e pela crença de que o movimento dos astros influenciava na política, na sociedade e nas atividades naturais do homem.
Essa “Revolução” foi amplamente sentida não só na Europa, mas, num contexto colonial (século XVI-XVII), se repetiu com empolgação entre os viventes de além-mar através dos intelectuais metropolitanos. É nesse contexto que Padre Antônio Vieira, jesuíta de forte renome na difusão da fé católica na colônia portuguesa, através de seus Sermões, procura explicar os acontecimentos astrológicos para a sociedade.1
Sendo assim, este artigo tentará entender como o estudo dos astros influenciou na vida dos homens modernos e de que forma esse estudo se diferencia do estudo do Espaço, a partir de reflexões a cerca de pensadores do assunto.
Tradição versus Ciência.
A concepção de saber medieval está ligada por diversas tradições, sejam elas árabe, turca, judaico-cristã e bizantina. Junto a ela, a construção de um passado pejorativo pelos homens iluministas permitiu que essa concepção fosse vista como atrasada,