Historiografia

3226 palavras 13 páginas
RESUMO: A relação entre memória e história suscita um vivo debate entre perspectivas diversas. Como recorte desponta aqui a crise dos grandes paradigmas e o fenômeno do linguistic turn. Para evidenciar o lugar da filosofia de Paul Ricoeur frente a tais questionamentos, em um primeiro momento faremos uma incursão abreviada dentro dos limites de um trabalho monográfico, sobre aspectos generalistas demarcantes para a historiografia no século XIX e primeira metade do século XX. Feito isso, nosso objetivo segue em precificar as tensões narrativas pós-1980. Em seguida, com a apresentação da noção de sujeito em Paul Ricoeur intentamos perceber aspectos da constituição desse sujeito que contemplam uma identidade narrativa. Esse ponto nerval nos conduz ao principal turno desse trabalho, a saber, a apropriação da memória historiográfica como elemento de constituição de si, um sujeito capaz. 1. A história da dimensão pragmática tradicional da historiografia e sua crise
Energizada com a ascensão e queda dos regimes totalitaristas, a falácia do projeto iluminista de modernidade traz em seu bojo a crise dos grandes paradigmas. Nesse contexto, severas críticas pesam contra a pragmática tradicional da historiografia e seu estatuto de história oficial, ou seja, sua referência de magistra vitae de tradição de positivo-historicista1. A consciência histórica, nessa perspectiva, tem como traço marcante a percepção de ser a representação da narrativa histórica a própria realidade histórica. Deste modo, o que tende a ser construído pelo ofício do historiador é a realidade ipse litteris das experiências vividas. Com os controvertes advindos de teóricos estruturalistas e pós-estruturalistas, ao longo do século XX, essa soi-disant adquire caráter propedêutico. Advogam-se novas nomeações para se caracterizar o conhecimento histórico e em questão está a pugna pelos direitos da [à] memória. História: venenou ou remédio? 2 Interroga-se.
Para Hayden White, Jean Lyotard3 e Alun Munslow4

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