Historia repensada
RESENHA: JENKINS, Keith. A História repensada. Tradução de Mario Vilela. Revisão Técnica de Margareth Rago. São Paulo, Contexto, 2001. Por Marcos Carvalho Lopes1
"A história é basicamente um discurso em litígio, um campo de batalha onde pessoas, classes e grupos elaboram autobiograficamente suas interpretações do passado para agradarem a si mesmos".2 Keith Jenkins
Os historiadores ainda tem dificuldades para lidar com todas as conseqüências da virada lingüística (linguistic turn). O deslocamento da ênfase na experiência para a valorização da linguagem colocou em crise a idéia de que os fatos poderiam ser considerados de forma independente de aspectos interpretativos, ou seja, como se estes não fossem construtos sociais intersubjetivos. O filósofo da história Hayden White ainda é tido como um dissidente radical por destacar o aspecto literário e retórico da construção e avaliação das narrativas históricas. Por isso mesmo, o inglês Keith Jenkins causa mal estar ainda maior entre os historiadores profissionais, já que, além de se posicionar a partir do nominalismo metodológico, caminha numa direção pósnietszcheana, desdobrando em sentido prático as conseqüências da virada lingüística. Noutras palavras, Jenkins radicaliza este movimento de ênfase na linguagem, acompanhando a abordagem do filósofo norte-americano Richard Rorty, numa direção pós-nietzschiana. Jenkins fez seu Ph.D. em teoria política com uma tese em que dialogava com Nietzsche, Freud e Sorel. Apesar de seu interesse pela teoria política, a ausência de oportunidades de emprego fez com que migrasse para a História, passando a integrar o departamento desta disciplina na University College Chichester em 1978. Neste centro de formação teve oportunidade de ter contato tanto com estudantes de pós-graduação, quanto com professores secundaristas em formação. Nesta posição percebeu a dificuldade, e