A historia repensada
Nietzsche, Freud e Sorel. Apesar de seu interesse pela teoria política, a ausência de oportunidades de emprego fez com que migrasse para a História, passando a integrar o departamento desta disciplina na University College Chichester em 1978. Neste centro de formação teve oportunidade de ter contato tanto com estudantes de pós-graduação, quanto com professores secundaristas em formação. Nesta posição percebeu a dificuldade, e mesmo hostilidade, destes para certos questionamentos teóricos sobre sua
própria “disciplina”. A ausência de questionamento fazia com que questões sobre critérios epistemológicos, metodológicos e ideológicos fossem encobertas por uma aura de mistério que não parecia menor mesmo para pessoas com formação avançada. Este turvamento servia mesmo para fundar a autoridade e reificar certa visão da História que mantém pressupostos platônicos.
Nesse sentido, a publicação de A História Repensada em 1991, e que apareceu em português dez anos depois, continua possuindo potencial para alimentar polêmicas.
Neste pequeno livro o historiador britânico coloca em xeque a reivindicação de que existiriam instrumentos metodológicos privilegiados que pudessem garantir ao historiador acesso especial aos fatos do passado de modo cientifico, ou seja, “não interessado”. A argumentação de Jenkins parte da consideração de uma diferença entre passado e História: se a História tem por objeto de estudo o passado, este só pode ser alcançado através de discursos, da leitura e elaboração de textos, do trabalho de interpretação. Explica ele que “o mundo ou o passado sempre nos chegam como narrativas e que não podemos sair dessas narrativas para verificar se correspondem ao mundo ou ao passado reais, pois elas constituem a ‘realidade’”.3 A partir disso poderíamos chegar a uma conclusão davidsoniana de que o passado como vinha sendo buscado pelos historiadores, como um objeto