historia da ciencia
No decorrer deste tema, o senhor foi explicitando as suas concepções pessoais sobre o processo de evolução e eu fui ficando um tanto intrigado com as noções trazidas por ele. Resolvi comentar sobre esta conversa com alguns amigos e, para a minha surpresa, as concepções deles não diferiam muito das daquele senhor! A minha conclusão foi a seguinte: aquelas são as ideias que a maioria das pessoas tem sobre a evolução. Ou seja, o senso comum acerca do processo evolutivo passa pelas ideias que aquele senhor me apresentou.
Uma das perguntas que o senhor fez para mim foi a seguinte: “Pois é, né, quando será que os chimpanzés vão começar a falar?”. Esta ideia, de que os demais primatas caminham para a mesma direção evolutiva que a nossa (e que já estaríamos passos a frente), deflagra a ideia de evolução como um processo linear.
“Será que deixaremos de dominar a Terra quando os macacos começarem a andar eretos, sobre os dois pés apenas, assim como nós?”. Esta segunda pergunta me espantou ainda mais que a primeira, pois além de confirmar aquela ideia de linearidade, acrescentou a ela a noção de progresso. Evolução, para aquele senhor, significa progresso, e andar sobre dois pés, ou a bipedia, seria melhor do que andar sobre quatro patas, passando uma noção de que, por isso, somos seres superiores e mais dignos. Andarmos eretos, apenas sobre dois pés!
Com o devido cuidado, tentei explicar para aquele senhor que a evolução não é um processo linear; pelo contrário, ela é múltipla. Cada espécie constrói a sua história evolutiva e as possibilidades de caminhos desta história são virtualmente infinitas. Cada espécie está, o tempo todo, decidindo e sorteando o seu caminho evolutivo. É difícil acreditar que os chimpanzés, igualzinho a nós, estão trilhando