helenistas
UMA BREVE HISTÓRIA DO PERÍODO HELENÍSTICO
Ele disse [que] incendiaria os meus territórios
E os meus jovens aniquilar com espada
E as minhas crianças de peito derrubaria por terra,
E as minhas crianças entregaria para pilhagem
E a minhas jovens raptar.
(Jt 16,4)
No cântico de Judite, ouvimos o eco de guerras. A prática de incendiar territórios conquistados é uma das estratégias mais comuns, e as vítimas, como sempre, são as pessoas mais fracas e indefesas, especialmente mulheres e crianças. A derrota do inimigo é marcada com gestos de humilhação e violência brutal, freqüentemente atingindo o corpo das mulheres. A história minimiza ou esconde a voz, os gemidos e os gritos das pessoas oprimidas. É necessário ler além do que os textos apresentam, sentar-se com as pessoas e sentir, ainda que de maneira parcial e condicionada, os efeitos provocados pela guerra.
Neste capítulo, queremos nos situar na história da conquista da
Judéia pelo Império Grego. Pontuaremos alguns acontecimentos que deixaram suas marcas na vida cotidiana do povo judeu. Nosso ponto de partida são as conquistas de Alexandre Magno e sua chegada ao Oriente
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(333-323 a.C.). Após a sua morte inesperada, há um longo período de guerras entre os seus generais – diádocos – pela sucessão (323-301 a.C.).
Em seguida, apresentaremos, em linhas gerais, a formação e o estabelecimento de duas monarquias – Ptolomeus e Selêucidas –, e a alternância de poderes entre elas. Finalmente analisaremos a chegada dos gregos na Judéia, a resistência de alguns grupos de judeus e a literatura de resistência que surge nesse período.
Durante o processo de helenização implementado pelos gregos, surgem alguns escritos que alimentam a resistência do povo judeu, por exemplo, a tradição apocalíptica de Daniel e de 1Enoque. Embora tenham perspectivas diferentes, ambos lutam pelo mesmo ideal: preservar a identidade judaica. Em meio à complexidade dos grupos do período
helenístico,