Fundamentos de Direito Publico Carlos Ari Sundfeld
Quem o molde achará para a expressão de tudo?
Ai! Quem há-de dizer as ânsias infinitas
Do sonho ? E o céu que foge à mão que se levanta ?
E a ira muda ? E o asco mudo ? E o desespero mudo ?
E as palavras de fé que nunca foram ditas ?
E as confissões de amor que morrem na garganta?!
Olavo Bilac, Inania Verba.
As palavras são como fios, com os quais vamos tecendo nossas idéias, em forma de texto.
Quando falamos ou escrevemos, vamos retirando da nossa memória as palavras que vamos utilizar. Trata-se de uma tarefa cuja velocidade pode variar bastante. Desde milésimos de segundo até minutos inteiros. Quem não ficou alguma vez parado, no meio de uma frase, à procura de uma palavra?
As palavras não são etiquetas que colocamos sobre os objetos, as pessoas, as idéias, os sentimentos, mas maneiras de representar tudo isso. As línguas humanas são sistemas de representação. Quando usamos uma palavra, estamos fazendo uma escolha de como representar alguma coisa. Podemos chamar alguém que ganhou muito dinheiro recentemente de novo-rico, ou de emergente. Podemos dizer, em vez de países comunistas, países de economia centralizada. Argumentando desfavoravelmente a prisioneiros de uma casa de detenção que sofreram violência policial, podemos dizer: - São assassinos, bandidos! Argumentando favoravelmente, diríamos: - São seres humanos, são filhos de Deus!
As palavras que escolhemos têm enorme influência em nossa argumentação. Em uma história conhecida nos meios da propaganda, um publicitário, encontrando um cego em uma das pontes da cidade de Londres e vendo que o pobre homem recebia muito pouco dinheiro dentro do chapéu que estendia aos passantes, pediu a ele autorização para virar ao contrário a tabuleta em que se lia a palavra cego e escrever, no verso, outra mensagem. Algum tempo depois, passando pela mesma ponte, o publicitário viu que o cego estava bastante feliz, porque estava recebendo muito