Friedman

452 palavras 2 páginas
Foi apenas nos últimos 10 a 15 anos que Milton Friedman começou a ser visto como realmente é: o mais influente economista vivo desde a Segunda Guerra Mundial. Durante décadas, Friedman - que hoje tem 85 anos e há muito aposentou-se da Universidade de Chicago - foi visto como uma espécie de pária brilhante. Ele exaltava a "liberdade", louvava os "livres mercados" e criticava o excesso de intervenção governamental. Era desprezado por amplos setores, visto como resquício da era do capitalismo desalmado. Mas isso mudou. O impacto de Friedman foi tão grande que ele já se aproxima do status de John Maynard Keynes (1883-1945) como o economista mais importante do século. Praticamente sozinho, promoveu a ressurreição da "teoria quantitativa do dinheiro": a idéia de que a inflação deriva de "dinheiro de mais correndo atrás de bens de menos". Em seu país, suas idéias hoje permeiam o debate público. Fora dos Estados Unidos, Friedman promoveu a economia de mercado, do Chile à China. Agora temos acesso à história de Friedman, sua odisséia de pária a profeta, numa autobiografia escrita em conjunto com sua esposa, Rose: Two Lucky People (Duas Pessoas de Sorte - University of Chicago Press). Trata-se de uma história notável de teimosia e obstinação pura e simples. Durante uma parte dos anos 50, a biblioteca de uma universidade tão conceituada quanto a Duke não trazia seus livros, porque suas idéias eram vistas como doidas demais. Há uma razão para isso. Boa parte de sua obra desmente a teoria econômica keynesiana. Em 1957 Friedman publicou A Theory of the Consumption Function (Teoria da Função do Consumo), que refutou um dos postulados centrais de Keynes: que as pessoas gastam uma parte menor de suas rendas - logo, poupam mais - à medida que a sociedade se torna mais rica. Esse fenômeno se daria, presumia-se, porque as necessidades das pessoas estariam satisfeitas. Se fosse verdade, isso justificaria o aumento dos gastos do governo, para contrabalançar os gastos privados. Mas, por

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