freud e lacan
O MANEJO DO TRATAMENTO EM FREUD:
Tendo visto a transferência em Freud e sendo ela condição fundamental de análise, podemos estudar agora as indicações de Freud para o início e a condução de um tratamento analítico.
Desta forma, aula passada, vimos algumas indicações de Freud sobre o tratamento analítico, baseando-nos no texto “Sobre o início do tratamento” (1913). Estudamos a importância do tempo, do dinheiro e do divã numa análise.
Veremos agora a importância da análise pessoal do analista e a analogia de Freud com o jogo de xadrez.
Segundo Freud (“Recomendações aos médicos que exercem a psicanálise”, 1912), numa análise a tarefa do analisando é associar livremente. A tarefa do analista é escutar, escutar de modo isento, sem deixar que suas questões inconscientes ainda não resolvidas interfiram nessa função.
(...) o médico deve colocar-se em posição de fazer uso de tudo que lhe é dito para fins de interpretação e identificar o material inconsciente oculto, sem substituir sua própria censura pela seleção de que o paciente abriu mão. (FREUD, 1912, p. 129).
Sendo assim, o analista deve funcionar como um órgão receptor, deve ajustar-se ao paciente como um “receptor telefônico se ajusta ao microfone de seu receptor” (p. 129). Para tanto, ele precisa passar pela purificação analítica, um processo de análise ao qual o próprio analista é submetido para evitar que os pontos inconscientes não solucionados nele funcionem como um ponto cego em sua percepção analítica.
Desta forma, todos que desejarem efetuar análise em outras pessoas terão primeiramente que ser analisados por alguém com conhecimento técnico (p. 130).
Também não cabe ao analista colocar suas opiniões, fazer julgamentos de valor, etc. O analista deve ser opaco aos seus pacientes e, diz Freud, funcionar como um espelho, mostrando ao paciente apenas aquilo que ele próprio – paciente – mostrou ao analista.
Também não se pode querer educar o paciente.