Considerações sobre estrutura em freud e lacan
Texto elaborado por João Fernando Calsavara – Jornada de Estudos do Traço 26 de maio de 2006.
INTRODUÇÃO
A questão da estrutura é um assunto recorrente em Freud, na clínica do cotidiano e, como afirma Lacan, nas “formações do inconsciente”. Lacan assim a aborda:
É bem isso que tenciono lhes falar este ano a respeito das formações do inconsciente. Das questões da estrutura, ou seja, para chamar as coisas simplesmente, das questões que tentam colocar as coisas no lugar, coisas que vocês falam todos os dias e nas quais vocês se embaraçam todos os dias, de uma maneira que termina por incomodálos.
Para falar de estrutura, precisamos recorrer a alguns conceitos mais freqüentes e comentados na Obra de Freud, tais como “angústia”, “falo” e “castração”, explicitados, especialmente, em “Três Ensaios sobre Teoria da Sexualidade”, e no texto de 1923, “Organização Genital Infantil”; ainda, em “Inibição Sintoma e Angústia” e em tantos outros. Tanto Lacan quanto Freud situam o prenúncio da formação das estruturas num estágio préedipiano.
1. ESTÁGIO PRÉEDÍPICO
Freud, influenciado pela cultura da época, fala mais em “esquema mental” ou “aparelho psíquico”. Para ele, muitos elementos préedipianos interferem na construção das estruturas psíquicas do ser humano.
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2 A criança, ao nascer, não tem unidade corporal (esquize), noção de tempo e espaço (descontinuidade). A unidade e permanência se fundam na relação fusional com a mãe. O eu se forma, a partir do descolamento progressivo da mãe e das identificações imaginárias, com os modelos parentais. Freud chegou a essas conclusões a partir da observação clínica dos seus pacientes, especificamente das