Fracasso Escolar: acidente ou construção social
Fracasso escolar: acidente ou construção social?
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Índice:
Introdução
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1. O poder como teia de relações
04
2. Duas décadas de reestruturação produtiva no Brasil
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3. Há vagas, mas não trabalhadores para ocupá-las?
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4. Famílias e alunos no olho do furacão
18
5. Da “viração” dos pais à “vida loka” dos filhos
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6. Quando tudo parece não ajudar...
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7. Educação e qualificação para o trabalho: pistas para uma reflexão
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Introdução.
Na maioria das vezes em que a escola pública é objeto de debate, nos deparamos com uma visão que restringe a origem de seus problemas à relação entre pais, alunos e docentes. Convencidos de que a educação é a pedra fundamental da sociedade, nossos três atores acreditam piamente que, com um simples esforço de vontade, as dificuldades iriam sendo resolvidas e os alunos de hoje seriam as pessoas bem-sucedidas de amanhã.
Ao isolar suas preocupações do contexto sócio-econômico em que vivem, não só descarregam um no outro a própria insatisfação, como tornam invisível o elemento que, a nosso ver, forja as condições que levam ao fracasso escolar: as relações de poder. Por isso, a perspectiva que orienta nosso olhar para a realidade não parte da escola, mas da reestruturação produtiva que vem sendo moldada no Brasil a partir dos anos 90.
A preocupação central da análise que aqui iniciamos pode ser expressa através de algumas perguntas: de que trabalhador/a o sistema precisa para dar conta das necessidades da produção e garantir a acumulação de poucos à custa do suor de muitos? Quanto e o que cada empregado/a, a depender da sua função, deve conhecer para ser produtivo sem que o saber adquirido se torne uma ameaça? Como oferecer uma escola para todos sem que a população que dela participa aproveite os conteúdos, valores, idéias e critérios de análises, úteis à geração da riqueza, para questionar os passos de quem