Formação profissional: problemas e perspectivas de futuro
RESUMO
Neste texto Rui Canário fala-nos sobre a formação profissional e sobre as alterações que o conceito de formação profissional tem vindo a sofrer face à “modernização”. Assim, a formação profissional, mantendo ainda alguma conotação negativa fruto da tradição histórica que marcou uma dissociação entre a educação formal e o mundo do trabalho e que se prolongou em duas vias, uma considerada mais “nobre” de estudos longos e outra, mais curta, que apontava directamente ao mundo do trabalho, tem vindo progressivamente a ser vista sobre uma nova perspectiva em consequência das enormes transformações que se têm verificado, quer nos sistemas de educação e formação, quer no mundo do trabalho, sobretudo no que respeita ao papel a desempenhar pelo ensino superior no campo da formação profissional.
A profunda evolução que a sociedade tem sofrido nos últimos anos tem feito com que a relação entre a formação e mundo do trabalho também se tenha alterado profundamente e o que verificamos hoje é a existência de uma crescente desvalorização dos diplomas que, aliada a uma crescente raridade de empregos, tende a modificar aquela relação, modificando também a relação entre tempo de trabalho e tempo de não trabalho e incentivando ao prolongamento dos estudos e à massificação do ensino superior. Este deixou de ser orientado para a formação de elites e a formação profissional deixou de ser vista como mero paliativo para os menos qualificados ou alternativa ao prolongamento dos estudos, passando antes a ser vista como um processo intimamente ligado à globalidade do percurso profissional, originando a que as escolas superiores sejam cada vez mais locais especializados em formação, o que irá obrigar a alterar as concepções da função dessas instituições, nas suas políticas de ensino, na formação do seu pessoal docente, no currículo dos seus cursos e na sua oferta formativa.
De facto, a crise mundial do trabalho