Fichamento Nós e os Gregos
SANTOS, Maria Carolina Alves dos. Nós e os gregos. Trans/Form/Ação, Marília, Vol.17, jan, 1994.
Nos domínios da ciência e da técnica, percebe-se a extrema ausência do cidadão comum em participar do debate sobre as mais instigantes questões do seu tempo. Há um enorme contraste entre a sofisticação dos conhecimentos especializados e a complexidade dos problemas políticos da moderna sociedade democrática de um lado, de outro a ascendente indigência cultural do homem comum. Incapaz de desenvolver pensamentos autônomos, juízos independentes, ele imerge numa grande massa de indivíduos anônimos desprovidos de arsenal crítico, de paradigmas, impossibilitado de avaliar as consequências políticas para a vida das comunidades a qual pertence.
Nas modernas democracias do Ocidente, o espetacular avanço da ciência e da técnica ameaça anular aquilo que a si mesmas propuseram como objeto precípuo, a própria ideia de homem. Nas sociedades democráticas ocidentais acaba por valorizar comportamentos tipificados, desestimulando perplexidades e tudo quanto possa representar obstáculo a uma perfeita planificação. O cidadão comum desenraiza-se da coisa pública, alienado do processo social. A esfera coletiva do espaço urbano. Ao destituir-se dos ideais comunitários, sua natureza, essencialmente política, se perverte.
A democracia só pode funcionar bem, com uma teoria moderna, se estiver fundamentada sobre o princípio da separação total entre lideranças e liderado, se gerida por uma oligarquia de políticos e burocratas profissionais, se limitar a participação popular na vida pública a apatia política do povo torna-se positiva e benéfica. A apatia falta de sentimento, ausência de perplexidade é o avesso do espírito comunitário é considerada um bem político nessa concepção de democracia que empenha na formação de uma elite, a tomar decisões no lugar da enorme massa passiva, cuja participação política se reduz ao ato de votar em eventuais eleições. Observa “Finley”, a