Com essa perspectiva, Anthony Giddens inicia o quarto capítulo, Família, enfocando que entre todas as mudanças que estão ocorrendo no mundo, as mais importantes são aquelas que ocorrem no nível do indivíduo. Sexualidade, relacionamento, casamento e família são aspectos sociais que estão sofrendo diretamente o impacto das transformações em nível global, cujas expressões de tais mudanças são perceptíveis no modo como as pessoas estão se relacionando, afinal em quase todos os locais do mundo estão se desenrolando discussões sobre igualdade sexual, a regulação da sexualidade e o destino da família. Mas as mudanças dependem da organização cultural em que vive o indivíduo. Contudo, para o autor, em qualquer contexto, essas são mudanças difíceis e perturbadoras, devido à dificuldade do homem em trabalhar suas questões emocionais. As divergências culturais com relação à sexualidade, por exemplo, são remotas. Por muito tempo as mulheres eram vistas como propriedade dos homens, devendo viver para a família; e a homossexualidade, por muito tempo, foi entendida como uma patologia. Somente após 1950, esse quadro começa a se modificar, com o ingresso das mulheres no mercado de trabalho. Essa nova postura feminina vai contribuir, em grande escala, para as mudanças na estrutura familiar. O casamento passa a ser visto como fundamento no amor romântico e não mais como contrato econômico (considerando que nas sociedades agrícolas a mulher não tinha o direito de escolher seu marido e geralmente sua vida familiar estava submetida aos negócios do pai). Atualmente apenas uma minoria pode ser chamada de família padrão da década de 1950. Em alguns países, mais de um terço dos nascimentos ocorrem fora do matrimônio e a proporção de pessoas que moram sozinhas cresce cada vez mais. A vida familiar está sendo substituída pelo casal informal ou pela união informal. O casal da contemporaneidade passa a ser o cerne da família, desvinculando-se do parentesco. As relações estão fundamentadas na