Experiência e alteridade em educação
Jorge Larrosa
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Apresentação
Este capítulo parecerá, talvez, demasiado longo, demasiado abstrato e demasiado reiterativo. Demasiado longo porque conterá várias citações de alguns textos nos quais já havia trabalhado explicitamente a questão da experiência. Demasiado abstrato dado que neles tratei, fundamentalmente, de fazer soar a palavra experiência de um modo particular e relativamente complexo, mas sem aplicá-la concretamente a algum aspecto específico do campo educativo. Demasiado reiterativo porque, às vezes, pode dar a impressão de que dizem as mesmas coisas com palavras diferentes. Mas isso também faz parte dessa estratégia geral dedicada a fazer soar a palavra experiência, a mostrar algumas de suas dimensões, a assinalar algumas de suas possibilidades, ainda que às vezes a lógica da exposição pareça um tanto circular. O que se quer, neste texto, é dar certa densidade à experiência e mostrar indiretamente que a questão da experiência tem muitas possibilidades no campo educativo, sempre que sejamos capazes de lhe dar um uso afiado e preciso. Há um uso e um abuso da palavra experiência em educação. Mas essa palavra é quase sempre usada sem pensar, de um modo completamente banal e banalizado, sem ter consciência plena de suas enormes possibilidades teóricas, críticas e práticas. O que vamos fazer, a seguir, não é nada mais que pensar a experiência e desde a experiência, e apontar para algumas das possibilidades de um pensamento da educação a partir da experiência.
Este artigo faz parte do livro Experiencia y alteridade en educación organizado por Carlos Skliar e Jorge Larrosa, publicado na Argentina pela Editora Homo sapiens Ediciones (2009). Foi Transcrito aqui com a autorização do autor. Tradução de Maria Carmem Silveira Barbosa e Susana Beatriz Fernandes. Professor de Filosofia da Educação na Universidade de Barcelona. Licenciado em Pedagogia e em Filosofia, doutor em Pedagogia. Publicou diversos artigos