Estudos sobre o indivíduo surdo
Estudos sobre o indivíduo surdo
2.1
A trajetória do imaginário das sociedades industriais, seus
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0710750/CA
objetos e valores, e a exclusão dos surdos
Se observarmos a história dos surdos veremos que ela sugere cautela e cuidado para não repetirmos os mesmos erros do passado, pois estas pessoas vem sendo sistematicamente consideradas como anormais e, por isto, sofrendo com todo tipo de métodos médico-pedagógicos em sua educação, que segue princípios da ordem de valores sociais ratificada na noção de normalidade a que se refere
Foucault (In.: Thoma, 2006: p.15) e, com ela, toda uma tecnologia disciplinar que opera primeiramente sobre o corpo do indivíduo com o objetivo de normalizar o sujeito o máximo possível, para que tenha um corpo mapeado e dócil, que possa ser submetido e utilizado, além de poder ser transformado e aperfeiçoado. No caso dos então classificados como anormais, entre eles os surdos, essa noção de transformação e aperfeiçoamento se encaixa ainda mais perfeita e furiosamente para a sua normalização, necessária à integração do sujeito no processo social.
Entendo o processo social aqui referido, como o desenvolvimento geral das sociedades industriais contemporâneas no âmbito político, econômico, intelectual e técnico, ou seja, o seu desenvolvimento histórico. Dentre as suas inúmeras vertentes, uma delas tem a ver com o Design, o que pode ser constatado quando observamos alguns fatos da vida cotidiana das sociedades industriais à luz da história. Atualmente vivemos todos – surdos ou ouvintes – numa sociedade consumista inundada de objetos industriais, em qualidade e quantidades impensáveis em outras eras. Seria uma inundação hiperbólica e paradoxal de
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objetos, já que para a execução de nossas tarefas não há necessidade de acumularmos tantas coisas iguais ou semelhantes, pois usamos apenas uma de cada vez. Cada um de nós deve ter dezenas de