Esteriotipos nas escolas
É importante ter presente que os debates acerca do género e da diferença sexual não são meros exercicios académicos: eles têm consequências evidentes e importantes. O que “fizermos” do género e a forma como se definir homem e mulher tem influência no modo como as pessoas se percepcionam a si próprias e ao mundo (Hare-Mustin & Marecek, 1990a). Mas o significado do género tem também influência no comportamento, nas instituições sociais e sua organização, tais como o trabalho, a reprodução, os cuidados com as crianças, a família e a educação.21No que diz respeito às questões da educação, é importante fazer referência ao trabalho recente de Cristina Vieira que, para a realização do seu doutoramento, pretendeu estudar a influência de algumas dimensões da identidade de género face a opiniões emitidas pelos sujeitos relativas à educação em função do género. Em termos gerais e nas suas palavras, “pretendíamos verificar, numa amostra representativa de pais e de filhos portugueses, da região de Coimbra, quais eram as dimensões de género (…) quemais diretamente se encontraram correlacionadas com as opiniões expressas pelos sujeitos a respeitar toda educação considerada adequada para o homem e a mulher” (Vieira, 2006a, p. 220). Em síntese, a autora mostra que os homens (pais) se mostram menos liberais do que as mães relativamente à educação para os papéis de género de filhos e de filhas, que os adolescentes rapazes são mais conservadores que as adolescentes raparigas e até mais do que as próprias mães, e que ambos (rapazes e raparigas)ainda se auto percepcionam como diferentes em termos de género. Do mesmo modo, as atitudes relativamente às mulheres continuam a mostrar resultados de uma atitude mais conservadora de pais e filhos homens, por contraponto com as adolescente do sexo feminino, que surgem como sendo o grupo mais liberal. Se pensarmos que estes adolescentes do sexo masculino serão os dultos do Portugal do século XX I,é