Historia cultural e historiografia brasileira
Para o século XX, valho-me, para prosseguir nesta perspectiva genealógica, de um artigo de Laura de Mello e Souza intitulado “Aspectos da Historiografia da Cultura sobre o Brasil Colonial”, publicado em 1998, no qual a autora esboça uma periodização dos estudos sobre o que chama de história da cultura no Brasil.
Laura identifica uma primeira fase que a define como a fase dos ensaios formativos. Esta seria a etapa dos precussores, entre 1907 e 1936: inaugurada pelos Capítulos de História Colonial, de Capistrano de Abreu. Nela, Laura inclui, entre outros, o Retrato do Brasil, de Paulo Prado (1927), Vida e morte do bandeirante, de Alcântara Machado (1929), e, sobretudo, Casa-Grande & Senzala, de Gilberto Freyre (1933) e Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda 1936).
Uma segunda fase seria a que a autora percebe como a delimitação do objeto história da cultura”, de 1945 a 1959, entre o livro clássico de Fernando de Azevedo, A cultura brasileira (1943) e Formação da literatura brasileira, de Antônio Cândido (1959). Mas é sobre a vasta obra de Sérgio Buarque de Holanda que nossa autora concentra o foco, desde
Monções (1945), passando por Caminhos e fronteiras (1957) e terminando com Visão do Paraíso (1959).
A terceira fase a autora caracteriza como uma espécie de “transição entre a história da cultura e a história das mentalidades”, delimitada entre
1967 e 1986. É uma fase descrita de maneira mais dispersiva, realçando alguns autores ou livros que teriam dado os primeiros passos no rumo da história das mentalidades, tomada como meta desta história cultural em nossa historiografia. Nela aparecem alguns textos de Maria Beatriz Nizza da Silva, publicados na década de 1970, ) e, nos moldes da História das Mentalidades de origem francesa