Escritores da Liberdade
DESLOCAMENTOS NA PÓSMODERNIDADE
Elisa Prado Nascimento (UNICENTRO)1
Cláudia Rio Doce (UEL)2
Resumo: O descentramento do sujeito pós-moderno, apresentado por Hall
(2003), bem como a liquidez da pós-modernidade, observada por Bauman
(2005), apontam para o fenômeno de ruptura com as referências que constituíam a base sólida para a formação de identidades, tais como o território de origem, a família e a tradição artístico-cultural. O objetivo do artigo é observar como esse fenômeno se configura na versão de Romeu e
Julieta em estilo mangá. Produzida em Londres, mas ambientada em Tóquio, essa versão transita livremente entre oriente e ocidente, entre tradição e ruptura, operando a errância da obra shakespeariana na contemporaneidade.
Palavras-chave: Shakespeare; pós-modernidade; identidade; mangá.
Considerações Iniciais
Muito se debate a respeito da pós-modernidade e do que a constitui enquanto momento histórico. Seja pelo viés econômico, político ou social, tais debates apontam para uma conclusão em comum: ela se apresenta como um momento de diluição de fronteiras e certezas. E na medida em que contornos se tornam cada vez menos nítidos, e a tendência à mistura surge e se propaga nos diversos âmbitos da vida pósmoderna, não é de se admirar que sujeitos outrora bem definidos, conscientes de seus lugares imutáveis, se tornem agora criadores de suas próprias identidades, feitas da mistura do que for que lhes convenha.
Tal fenômeno de extinção de um centro, em torno do qual a identidade do sujeito se constituiria, é apresentado por Hall (2003). O descentramento do sujeito se deu na medida em que, com a globalização, limites de tempo e espaço se desfizeram, tornando mais fácil o acesso a novos tipos de informação, culturas, classes
Estudante do Programa de Pós-Graduação em Letras da UNICENTRO (Mestrado). E-mail: elisapnascimento@gmail.com. 2 Orientadora. Professora adjunta de Literatura Brasileira/Teoria Literária da