Escola estudo
PORTUGUÊS ABRIL / MAIO 2012 “CONTO DE AUTOR” PROFESSORA DORA GOMES
UMA ESPLANADA SOBRE O MAR
Vergílio Ferreira
A
rapariga
estava
sentada a uma mesa numa esplanada sobre o mar.
Vestia de branco e era loura, mas muito queimada do sol. Ao lado da mesa estava montado um guarda-sol
giratório de pano azul que o criado veio regular, para
acertar bem a sombra. O criado não perguntou nada e inclinou-se apenas e a rapariga pediu um refresco. Era a meio da tarde e o sol batia em cheio no mar, que se espelhava aqui e além em placas rebrilhantes. O céu estava muito azul e o ar era muito límpido, mas no limite do mar havia uma leve neblina e os barcos que aí passa¬vam tinham os traços imprecisos, como se fossem feitos também de névoa. Na praia que ficava em baixo não havia quase ninguém e o mar batia em pequenas ondas na areia. A espuma era mais branca, iluminada do sol, e o ruído do mar era quase contínuo e espalhado por toda a extensão das águas. A rapariga de vez em quando olhava ao lado a porta que dava para a esplanada e depois olhava o relógio. Voltava então a olhar o mar e ficava assim sem se mover. Tinha os olhos azuis muito brilhantes, contra a pele morena e o traço negro que os contornava. Foi num desses momentos de alheamento que o rapaz entrou. À porta da esplanada deteve-se um momento a orientar-se por entre as mesas ocupadas, mas logo localizou a rapariga sob o guarda-sol azul. Vestia calça branca e uma camisola amarela de manga curta. E era louro como a rapariga. Quando ela o reconheceu, fez-lhe sinal, mas ele já a tinha visto. Sentou-se-lhe ao pé e olhou em volta como se procurasse alguém. As mesas estavam quase todas ocupadas sob guarda-sóis coloridos e uma ou outra ao sol. Era quase tudo gente jovem, vestida de cores claras de praia. – Desculpa, fiz-te esperar – disse ele. – Cheguei há pouco, o criado nem trouxe ainda o que lhe pedi. E que é que me querias dizer?
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9º ABCD
PORTUGUÊS ABRIL / MAIO 2012 “CONTO