Episódio do Sarau da Trindade
1. Objetivos
Ajudar as vítimas das inundações do Ribatejo;
Apresentar um tema querido da sociedade lisboeta: a oratória;
Criticar o Ultrarromantismo que encharcava o público;
Reunir novamente as várias camadas das classes mais destacadas, incluindo a família real;
Proporcionar um contraste entre um clima de festa e um clima de tragédia.
2. Ambiente
Espaço físico: Teatro da Trindade.
Espaço social: alta sociedade lisboeta analisada através de tipos sociais.
Caracterização da sociedade: inculta, estática e superficial, deformada pelos excessos e lugares comuns do Ultrarromantismo.
3. Temas tratados
a) Oratória
1. Oradores 1.1. Rufino:
"vozeirão túmido, garganteado, provinciano, de vogais arrastadas em canto" - tom altissonante; temas da sua alocução: a caridade, o progresso, a fé, Deus, a sua aldeia, a imagem do "Anjo da Esmola"; revela falta de originalidade:
- recorre a lugares comuns e a imagens de origem duvidosa (a imagem do «Anjo da Esmola», que estendera as suas asas benfazejas sobre os deserdados das inundações destruidoras das belas aldeias onde antes o rouxinol trinava); - faz uso de chavões retóricos e lirismos banais em torno da caridade e da fé; a sua retórica é oca e balofa; é adulador (volta-se constantemente para a zona das cadeiras reais, considera que a salvação reside no trono de Portugal: "... vir aquele pulha pôr-se ali a lamber os pés à família real...");
1.2. Alencar - poeta ultrarromântico esguio, sombrio e pensativo; olhar encovado e lento; melancólico, solene e pomposo; tema proposto: a democracia (romântica); utiliza os habituais bordões / chavões líricos ultrarromânticos: o luar, os vastos arvoredos, o amor, os segredos; sustenta um excessivo lirismo carregado de conotações sociais:
- "... a severa ideia social da Poesia...";
- "... uma mulher macilenta, farrapos, chora, aconchegando ao seio magro o filho que pede pão...";
- "... estes humanitarismos poéticos.";