EM DEBATE: QUESTÕES SOCIAIS, ÉTNICAS E CURRICULARES NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO MULTICULTURAL
...há de mudar os homens antes que a chama apague antes que a fé se acabe antes que seja tarde.
Ivan Lins e Vítor Martins, 1986
É objetivo deste estudo perceber na proposta pedagógica dos CIEPs os traços que a identificam, ou não, com uma educação multicultural. Neste capítulo, abordamos os pressupostos teóricos que o sustentam, procurando identificar, através dos autores, o modelo de escola proposto naquele momento histórico e as conseqüências do mesmo na educação brasileira.
Para desenvolvimento do tema, dividimos o presente Capítulo em quatro partes. No primeiro subcapítulo, abordamos as questões sociais que envolvem a escola e suas conseqüências para a inserção dos sujeitos discentes no mundo do conhecimento. Preocupamo-nos no segundo subcapítulo com as questões étnicas, procurando demonstrar como este fator tem sido determinante do sucesso ou fracasso na escola. Na terceira parte deste capítulo fazemos inferências a respeito das questões do currículo, buscando delinear as representações sociais refletidas no fazer escolar, a partir dos valores eleitos nas elaborações curriculares. Por fim, na quarta parte, estudamos as questões do multiculturalismo, buscando delinear um perfil que identifique uma escola multicultural.
Estamos cônscios que outras categorias envolvem os estudos multiculturais, tais como: gênero, opção sexual e necessidades especiais. Entretanto, limitamos esta abordagem às questões étnicas e sociais por serem as mesmas pertinentes às razões determinantes na opção dos segmentos sociais que se pretendeu atender com a criação dos CIEPs.
Abaixo desses bolsões [classes dominantes, setor intermediário e classes subalternas], formando a linha mais ampla do losango das classes sociais brasileiras, fica a grande massa das classes oprimidas dos chamados marginais, principalmente negros e mulatos, moradores das favelas e periferias da cidade. [...]. Seu