eles nao usam black tie
O filme, Eles não usam black tie trata-se de uma peça de grande sucesso do saudoso Gianfrancesco, a qual foi adaptada ao cinema brasileiro, recebera vários títulos devido ao sucesso que alcançara não só no Brasil, como também no exterior. O filme tem como cenário a grande cidade de São Paulo dos anos 70, local que foi palco de grandes movimentos sociais.
O drama que envolve família, sindicato, e industria, traça um perfil vivo e emocionante do Brasil no processo de transição do regime ditatorial para o sistema capitalista, marcado pela incerteza, confusão e fanatismo, qualidades que sempre estão presente entre a decadência do antigo e estabelecimento do novo.
Para que o sistema permanecesse viável, era necessário a fixação de preços e exercer suficiente controle sobre o emprego da força de trabalho, este ultimo posicionamento é bastante evidenciado no filme, o espaço da fábrica era controlado a todo momento por vigias e polícias, os quais entreviam sempre que preciso, no intuito de manter a ordem caso esta fosse ameaçada. No entanto, o controle da força de trabalho estava também atrelado as ideologias que o sistema pregava. Instituições como a igreja, a escola e o estado buscavam reproduzir o modo de produção capitalista, despertando sentimentos sociais, como a ética do trabalho, lealdade aos companheiros e a busca de identidades através do trabalho. Era necessário forjar um tipo particular de trabalhador, o qual se adequasse ao novo tipo de sociedade democrata que emergia
A fábrica simboliza em todas as dimensões o sistema capitalista, seu espaço é caracterizado pelas longas horas de trabalho rotinizado, pela obediência e disciplina do trabalhador, no entanto, o acumulo destes em fábricas de larga escala traz consigo a ameaça de uma organização trabalhista mais forte e aumento da sua classe operária. Nesse emaranhado de ligações e poder que constitui a sociedade capitalista, as relações de classe variavam muito de local para local,