Resenha Eles não Usam Black Tie
Por: Felipe de Melo Pontes (RGM 1001795)
Eles não usam Black Tie, de Leon Hirszman, narra a história de uma família pobre, no Rio de Janeiro, formada por pai, mãe e dois filhos. O drama gira em torno de Tião (Carlos Alberto Riccelli), operário de uma fábrica cujos donos não vem atendendo às reinvidicações de seus trabalhadores. Otávio (Gianfrancesco Guarnieri), seu pai, também tem um emprego ali, e está certo de que a única maneira de garantir os direitos de todos é iniciando uma greve, que ganha a adesão de vários outros operários. Paralelamente, Tião descobre que sua namorada, Maria (Bete Mendes), está esperando um filho seu, e teme perder o emprego se aderir ao movimento grevista. Sua escolha de continuar trabalhando acarreta um desequilíbrio em casa, já que o pai o considera um traidor. Está formado o nó narrativo de Eles não usam black-tie, que leva ao Cinema o espetáculo teatral homônimo, de autoria de Guarnieri. O filme todo é permeado por situações prosaicas e por uma economia de ambientes que evoca as origens de seu texto, comprovando que a simplicidade está longe de ser um demérito no universo artístico. As emoções florescem com viço e naturalidade ao longo dos fotogramas clicados por Lauro Escorel, um acumulador de prêmio em sua função, belamente desempenhada aqui. Por sua temática e sua construção, o longa deu continuidade tardia a uma safra de bons filmes sobre a realidade brasileira realizados na década de 60: Noite vazia (idem, 1961), de Walter Hugo Khouri,São Paulo S.A. (idem, 1965), de Luiz Sérgio Person, e Copacabana me engana (idem, 1968), de Antonio Carlos da Fontoura.No elenco, está outro dos trunfos da produção. Riccelli defende muito bem seu protagonista e, apesar de sua estampa de galã, vai além dela e interpreta um homem absolutamente comum, cindido por suas decisões e arcando com as consequências de seus atos. As passagens mais marcantes têm sua presença em cena e envolvem os doloridos embates com o