Resenha eles não usam black tie
O filme Eles não usam black tie de 1981, baseado no livro de Gianfrancesco Guarniere, é dirigido por Leon Hirszman e estrelado por um elenco de consagrados atores brasileiros, inclusive o próprio Guarniere.
A trama conta a história de uma família na qual o pai Otávio (Gianfrancesco Guarnniere) e o filho Tião (Carlos Alberto Riccelli) trabalham como operários em uma mesma fábrica na qual se inicia um movimento grevista liderado por Otávio.
Após engravidar a namorada Maria (Bete Mendes) e decidir se casar com ela, Tião desiste da greve para não sofrer represálias ou perder o seu emprego. Essa atitude do rapaz gera um conflito com seu pai, sua mãe Romana (Fernanda Montenegro) e até mesmo Maria.
Otávio, o pai, é um personagem que representa espírito de luta do brasileiro. Líder do movimento grevista, ele tem a voz de comando entre os companheiros de trabalho e dentro do ambiente familiar, no entanto, enfrenta oposições nessas duas esferas de sua vida. Na fábrica, outros operários se sentem injustiçados por serem demitidos e querem iniciar a greve antes do combinado. Já em casa, Tião não vê esse movimento da mesma forma que o pai e freqüentemente discorda da posição de Otávio.
O rapaz passou a infância com os padrinhos na cidade enquanto seu pai estava preso, por isso não concorda plenamente com o espírito de luta de seu pai e não se encaixa perfeitamente no estilo de vida do morro onde vivem. Quando a greve se inicia, Tião tem maiores preocupações como a gravidez de sua namorada e a manutenção de seu emprego. Esse modo de pensar e de ver a situação em que se encontram não pode ser abertamente discutida em casa, pois seria contrária à luta de seu pai para melhorar a situação em que viviam.
Romana, por sua vez é o apoio dos homens da casa. Tanto seu marido Otávio, quanto seu filho Tião vêem nela alguém com quem podem contar nos momentos difíceis que vivem durante a trama. Sempre disposta, a mulher cuida da casa e é quem dá suporte