Economia Brasileira na República
O QUE NOS DIZ O REGISTRO DE LONGO PRAZO
(Maio de 2001)
(Versão preliminar. Somente para comentários. Favor não citar)
E. Bacha 1
R. Bonelli 2
Introdução 3
Após duas décadas de medíocre desempenho macroeconômico, terá a economia brasileira capacidade de voltar a crescer a taxas similares às de que desfrutou entre 1950 e 1980? Esta parece ser uma tarefa impossível quando se constata que, nos últimos anos, a taxa de investimento tem sido baixa. Além disso, a intensidade de uso de capital na economia brasileira é muito mais intensa
– a relação capital/produto é muito mais elevada – do que no passado. Deste modo, o país não só está investindo menos, como, em princípio, precisaria investir mais do que no passado, para alcançar uma dada taxa de crescimento do produto.
Sem embargo, na década passada houve uma importante guinada para melhor na política econômica do país, caracterizada pelo fim da superinflação, maior abertura ao exterior e menor intervenção estatal na economia. Como se sabe, o período de 1950 a 1980, quando o país cresceu mais do que 7% ao ano, representou o auge de um modelo de características aparentemente piores do que o atual, pois caracterizado por alta inflação, substituição protegida de importações e forte comando estatal.
Na verdade, uma resposta em princípio positiva à indagação inicial seria sugerida, tanto pela moderna teoria do crescimento (com sua ênfase em economias de escala, progresso técnico e educação), como pela bem-sucedida experiência internacional de reformas econômicas, inclusive em países latinos (Chile, Espanha, México, Portugal). Poderia, entretanto, argüir-se que o Brasil, ademais de sua latinidade, é um país “baleia” de características singulares no universo das economias emergentes: desproporcionalmente industrializado, dimensões continentais, amplo mercado interno e longa tradição de intervenção estatal e de convivência com altas taxas de inflação. Será que