Documentário edifício master

Documentário: Edifício Master
Por Eduardo Coutinho
Texto: Tales Leon de Marco
Verônica Luciana Martins

A produção de documentários no Brasil vem adquirindo diferentes formas de apresentação nos últimos 30 anos. Entre os anos 1960 e 1990, aconteceram mudanças que fizeram com que saíssemos do cinema “verdade”, característico dos anos 60 e chegássemos à cultura de massa televisiva, que surge com o final da ditadura militar no Brasil.

Hoje, a televisão de cultura de massa tem grande impacto na produção de documentários voltados ao sujeito. As pessoas vêem nesse tipo de produção uma oportunidade de se mostrar, de aparecer na mídia e isso impede que em entrevistas (como as feitas em Edifício Máster) mostrem as pessoas como são em seu dia-a-dia. Na realidade, o que salta a nossos olhos são personagens, encenações do que eles querem que seja visto.

Os “Reality Shows” tem sua colaboração para a configuração deste cenário. Numa sociedade voyerista, a curiosidade pelo alheio se torna o combustível que propulsiona a elevação do ego, por meio da mídia. E é esse comportamento que as lentes do documentário Edifício Máster captam.

Em determinados momentos, com alguns personagens esse comportamento exibicionista torna-se mais evidente. Sergio, o sindico, é um dos “ricos” personagens com que Coutinho se depara: – Eu começo com Piaget, senão funcionar vou pro Pinochet (...) essa fala (clichê) evidenciou o controle que o que Sérgio tem a respeito de que o personagem “sindico do prédio” deve mostrar. E é nesse momento que a pessoa Sergio dá lugar ao personagem.

A mídia tem o poder de transformar pessoas comuns em pop-stars, e esse poder a transforma num oráculo. O que fazer se esse intocável a primeira vista te dá uma chance de entrar no olimpo dos astros de TV? É quase inconsciente a mudança de comportamento diante de uma câmera e é com essa mudança que Coutinho teve de lidar na produção do documentário.

Logo na primeira entrevista, Vera toma atitudes de quem