Direito trab
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Ser Conservador | Michael Oakeshott
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Ser Conservador | Michael Oakeshott
Ser Conservador
Michael Oakeshott
Tradução do inglês para português por Rafael Borges
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Ser Conservador | Michael Oakeshott
Ser Conservador
Não partilho da crença geral de que é impossível (ou, se não impossível, pelo menos tão pouco promissor que não valeria a pena tentá-lo) deduzir princípios gerais explicativos do que se entende por “conduta conservadora”. Pode ser verdade que a conduta conservadora não encaixe facilmente na linguagem das ideias gerais e que, por conseguinte, tenha existido uma certa resistência a realizar esse tipo de análise; no entanto, não deve supor-se que a conduta conservadora seja menos idónea que qualquer outra para este tipo de interpretação por si só. Todavia, não é a isso que me proponho. O meu tema não é uma crença nem uma doutrina, mas uma forma de ser e estar. Ser conservador significa uma inclinação a pensar e a comportar-se de determinada forma; é preferir certas formas de conduta e certas condições das circunstâncias humanas a outras; é dispor-se a tomar determinadas decisões. O meu objectivo é interpretar esta atitude tal como ela se apresenta no seu carácter contemporâneo, em vez de a transpor para a língua dos princípios gerais. Distinguir as características gerais desta atitude não é tarefa difícil, embora elas tenham sido constantemente confundidas. Elas resumem-se a uma propensão ao uso e gozo daquilo que se tem, em vez do desejo ou busca de outra coisa, a aprazerse mais com o presente do que com o passado ou o futuro. A reflexão pode gerar uma gratidão adequada pelo disponível e, por isso, o reconhecimento de um presente ou herança do passado; mas não existe nenhuma idolatria simples pelo que já passou ou já se foi. É o presente que é apreciado, e não devido às suas relações com uma antiguidade remota nem porque se considere que seja preferível a qualquer outra alternativa