Desenvolvimento psíquico
Pode-se dizer que o recém-nascido não tem ego. O bebê humano nasce mais desamparado que o filhote de outros mamíferos e não sobrevive sem a assistência dos adultos. Muitos estímulos inundam o recém-nascido, sem que ele tenha capacidade de lidar com estas estimulações, o que gera muita tensão. Como ele não interage racionalmente, não diferencia estímulos, não conhece objetos e, portanto, não controla o nível de tensão interna quando algo o desagrada.Tampouco tem consciência clara do que o atinge, apresentando sensibilidade indiferenciada aos estímulos desagradáveis, reagindo a eles como reage à dor física, através do choro. Resumindo, o recém-nascido não tem ainda as funções de percepção constituídas, nem tampouco controle motor ou controle do nível da tensão interna, porque estas funções só amadurecerão mais tarde, com o desenvolvimento de seu sistema neurológico.
A origem do ego não é homogênea. Ela começa no nascimento e, talvez, nunca termine. A inundação de excitações no ego primitivo do bebê vai formar, segundo Freud, o modelo de toda angústia futura. O recém-nascido tende a eliminar as tensões desagradáveis pelo choro. Quando o ambiente externo ajuda o bebê a eliminar esta tensão, ele adormece, despertando somente quandose vê submetido a novos estímulos (fome, sede, frio etc.). Portanto, os primeiros sinais de consciência não são sentidos como ego e “nãoego”, mas sim como estado de maior ou menor grau de tensão interna ameaçadora, desagradável. A DESCOBERTA DO MUNDO EXTERNO, DOS OBJETOS (PESSOAS, COISAS, ANIMAIS, NATUREZA ETC.) E A CONSTITUIÇÃO DO EGO:
A vida do bebê varia entre sensações de fome, sede, frio (ou seja, estados desagradáveis) e o sono. Assim, quando surgem estes estados de excitação, o recém-nascido é invadido pela tensão e procura se livrar dela. Com a saciedade de suas necessidades,