Desenvolvimento do adolescente
Enquanto período de transição da infância para à idade adulta, a adolescência existe sem dúvida há tanto tempo quanto o próprio ser humano, visto que ela inscreve-se no ciclo físico da sua vida. Os grandes filósofos e educadores de antigamente refletiram ativamente sobre o desenvolvimento humano e seus fatores para a nossa compreensão da natureza humana, mas não concebiam a adolescência como um período distinto do desenvolvimento. Tal como é concebida hoje, a adolescência é um fenômeno recente que, sob certos aspectos, continua evoluindo de década em década. Mesmo quanto às suas características físicas, o adolescente é influenciado pela história: a idade da maturação e as normas de crescimento variam de um século para o outro. Contudo, é no âmbito do caráter psicossocial da adolescência que as mudanças históricas são mais marcantes.
De acordo com Platão, o processo de desenvolvimento da infância à idade adulta consistia em uma maturação gradual que transformava a primeira camada da alma (dos desejos e apetites), inerente ao homem, em uma segunda (da coragem, perseverança e agressividade), caracterizada pela aquisição das convicções e da compreensão das coisas, para finalmente alcançar a evolução da razão e inteligência, elementos da terceira camada (que representava a essência da alma), que aparece na adolescência e idade adulta. Segundo ele, essa terceira camada da alma não era acessível a todos, apenas aos sábios.
Aristóteles concebia o desenvolvimento para a maturidade adulta como resultado de três períodos, cada qual de sete anos: a primeira infância, de 0 a 7 anos; a infância, de 8 a 14 anos; e a juventude, de 15 a 21 anos. Para Aristóteles é somente na adolescência que surge a capacidade de fazer escolhas, não porque os desejos e emoções desapareçam, mas sim porque os mesmos são submetidos a um controle e a regras adquiridas entre 7 e 14 anos. Junta-se a isso uma capacidade de discernimento que permite raciocínios lúcidos. A fase de 15 a 21 anos