Currículo ideologia e poder
De maneira geral, os dicionários não distinguem claramente os conceitos de ensino e aprendizagem. Para o dicionário de Língua Portuguesa, por exemplo, ensinar e aprender têm um denominador comum: a ideia de instruir. Assim, em ensinar temos: educar, ministrar conhecimentos, instruir sobre; e em aprender temos: adquirir conhecimento, instruir-se.
Segundo Iturra (1994), ensino e aprendizagem são processos que acompanham um ao outro durante todo o processo educativo. Para o autor, o ensino seria a prática de transferir conhecimentos provados ou acreditados que educa a população que se estima desconhecer as formas, estruturas ou processos que ligam as relações sociais com as coisas: a prática de fixar o estereótipo do social. Já a aprendizagem seria a prática de colocar questões por parte da população que ensina, que envolvem alternativas de respostas aos quais começam a entender o funcionamento do mundo, onde a resposta encontra o iniciado, não sendo a sua atividade substituída pelo iniciador. Em síntese, para Iturra (1994), o ensino encerra uma repetição, criando uma subordinação entre aquele que ensina e aquele que aprende, ao passo que a aprendizagem é descobrir, decodificar o instituído criando alternativas, pressupondo uma relação de interlocução e de diálogo entre aquele que ensina e seu aprendiz.
Ainda segundo o autor, na prática educativa escolar ocidental, estas habilidades estão separadas. Para os antropólogos a transmissão de um saber repousa no legado mais importante em qualquer tribo ou clã: a genealogia. Isto quer dizer, o conhecimento da ascendência e da descendência de cada indivíduo, o seu lugar na estrutura de relações: a quem pertence e para onde deve circular, bem como quais suas obrigações e os seus limites no acesso ao conhecimento. O conhecimento da sua genealogia pode ser descrito como uma prática de aprendizagem onde a ausência da escrita na vida cotidiana coloca um forte peso no desenvolvimento de estruturas