Crian As No Brasil
As crianças brasileiras estão em toda parte Nas ruas, à saída das escolas, nas praças, nas praias. Sabemos que seu destino é variado. Há aquelas que estudam, as que trabalham, as que cheiram cola, as que brincam, as que roubam. Há aquelas que são amadas e outras, simplesmente usadas. Seus rostinhos mulatos, brancos, negros, mestiços desfilam na televisão, nos anúncios da mídia, nos rótulos dos mais variados gêneros de consumo. Não é à-toa que o comércio e a indústria de produtos infantis vêm aumentando progressivamente sua participação na economia, assim como a educação primária tanto quanto o combate à mortalidade infantil são permanentes temas da política nacional, O bem-estar e o aprimoramento das relações entre pais e filhos são assuntos constantes de psicólogos, sociólogos, psicanalistas, enfim, de especialistas que além de estarem produzindo uma contribuição inédita para a melhor inserção da criança na sociedade do ano 2000, reproduzem seus conhecimentos em revistas e teses, propondo uma nova ética para a infância.
No mundo atual, essas mesmas crianças passaram de reis a ditadores. Muitas de suas atitudes nos parecem incompreensíveis. Quase hostis. Uma angústia sincera transborda das interrogações que muitos de nós se faz sobre o que seja a infância ou a adolescência. É como se as tradicionais cadeias de socialização tivessem, hoje, se rompido.Socialização na qual os laços de obediência, de respeito e de dependência do mundo adulto acabaram sendo trocados por uma barulhenta autonomia. Influência da televisão? Falta de autoridade dos pais? Pobreza e exclusão social de uma imensa parcela de brasileiros? Mais. E se tudo isso secretasse, nas margens da sociedade, uma brutal delinqüência juvenil, ou, se gerasse um profundo mal-estar feito de incompreensão e brigas mesmo entre as famílias mais equilibradas nas quais a presença dos pais e o excesso de amor substituem a educação?
Ora essa quase onipresença infantil nos obriga, pois, a algumas