Corpos doceis
Foucault refere-se ao século XVII, onde os soldados eram figuras idealizadas uma vez que necessitavam intimidar os inimigos nas batalhas. As características mais desejadas eram a coragem e o vigor. Nesse sentido, as instituições militares se esmeravam em cada vez mais conseguir aprimorar os indivíduos nelas organizados. Já na segunda metade do século XVIII, iniciou-se uma fábrica de soldados. Já não existia a noção de que o individuo nascia apto a ser militar; qualquer um poderia ser preparado para isso: “(...) o soldado tornou-se algo que se fabrica; de uma massa informe, de um corpo inapto, fez-se a máquina de que se precisa.” (FOUCAULT, 19975, p. 117). Dessa forma, qualquer individuo que se sujeitasse a disciplina, poderia ser transformado em soldado. O autor aponta que essa época foi aquela em que se descobriu “o corpo como objeto e alvo de poder” (p. 117); o autor aponta que eram facilmente encontrados sinais dessa grande atenção que se dedicava ao corpo, que era treinado para obedecer e multiplicar suas forças. No entanto, o autor salienta que não é a primeira vez que constata-se esse acontecimento, pois “(...) o corpo é objeto de investimentos tão imperiosos e urgentes; em qualquer sociedade, o corpo está preso no interior de poderes muito apertados, que lhe impõem limitações, proibições ou obrigações” (p. 118), ou seja, entre as obrigações há a intenção de para alem de valorizar economicamente o corpo, torná-lo totalmente domesticado e submisso, acostumado a ser comandado em “termos políticos”. O autor prossegue relatando as formas como a disciplina sobre o corpo e a mente se aprimoraram: “A disciplina procede em primeiro lugar à distribuição dos indivíduos no espaço. Para isso, utiliza diversas técnicas” (p. 121). A principio, Foucault cita as clausuras e as diferencia das prisões- instituições destinadas ao cumprimento de penas. Dessa forma, a clausura é, de acordo com o autor, mais flexível, ela não prende o