Corpos dóceis Resenha

OS CORPOS DÓCEIS
Resenha

SÃO PAULO
2014

CORPOS DÓCEIS

FOUCAULT, Michel.Os corpos dóceis In: Vigiar e punir 35 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008. p. 162-194

Michel Foucault apresenta neste texto um panorama minucioso da história das diversas instituições disciplinares e de suas técnicas, que se generalizaram e ganharam campos vastos, influindo fortemente na contemporaneidade. Investigando em pormenores a origem de verdadeiros instrumentos de docilização surgidos nos âmbitos militar, religioso, escolar, hospitalar e um pouco mais tarde, fabril.
Quando pensamos na atual situação do ensino no Brasil, nas péssimas condições de trabalho, na desilusão dos professores, no desinteresse dos estudantes e no descaso das autoridades - ficam evidentes os indícios da herança das instituições disciplinares e suas técnicas a que Foucault se refere. O espaço da escola é marcado por relações de poder e possui características das instituições disciplinares.
O professor, o mestre, que detém o conhecimento e possui a missão de "passá-lo" ao estudante carrega também a função de zelar pela disciplina, pelo decoro da turma. A própria organização das carteiras dos estudantes em fileiras remonta à disciplinarização dos primórdios da instituição escolar. A figura do inspetor de alunos remonta a vigilância hierárquica, o único olhar que tudo vê permanentemente.
A nosso sistema escolar se aplicam as micropenalidades do tempo, que pune atrasos, ausências, interrupções das tarefas; dos discursos, que pune tagarelice, insolência; da atividade, que pune desatenção, negligência, falta de zelo; da maneira de ser, que pune grosseria, desobediência; do corpo, que pune atitudes "incorretas", gestos não conformes, sujeira; da sexualidade, que pune imodéstia, indecência. As punições envolvem advertências, convocação dos pais, e em último caso suspensão.
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