Foucault - Corpos Dóceis
13/01/2014 by Rafael Trindade
“É dócil um corpo que pode ser submetido, que pode ser utilizado, que pode ser transformado e aperfeiçoado” – Foucault, Vigiar e Punir
O homem moderno nasceu no fim do séc. XVIII e já está para morrer, disse Foucault. Mas como nasce o homem que conhecemos hoje? Como se dá vida a este ser? Durante a era moderna, o poder descobriu o detalhe, o absolutamente ínfimo, aquilo que antes passava despercebido. Até um pouco antes da revolução francesa, e a partir daí com cada vez mais força, o homem se tornou algo que se fabrica, o poder age em cada indivíduo para fabricar corpos dóceis. “O corpo humano entra numa maquinaria de poder que o esquadrinha, o desarticula e o recompõe” (Foucault, Vigiar e Punir).
O corpo se tornou alvo do poder, descobriu-se que ele podia ser moldado, rearranjado, treinado e submetido para se tornar ao mesmo tempo tão útil quanto assujeitado. O corpo foi dobrado pelo poder, através de várias técnicas de dominação. Não que esta criação seja inédita, as relações de força agem e agiram desde sempre, mas com a modernidade o corpo passa a ser dividido, separado, medido, investigado em cada detalhe. Mais uma peça na grande máquina de produção. E como qualquer produto de produção em massa, o corpo humano passa por vários estágios até estar acabado: família, escola, quartel, fábrica; ou sua versão moderna: família, escola, faculdade, escritório. Caso alguma coisa dê errada, hospital, hospício, cadeia.
“A disciplina fabrica assim corpos submissos e exercitados, corpos ‘dóceis’. A disciplina aumenta as forças dos corpo (em termos econômicos de utilidade) e diminui essas mesmas forças (em termos políticos de obediência) [...] a coerção disciplinar estabelece no corpo o elo coercitivo entre uma aptidão aumentada e a dominação acentuada” – Foucault, Vigiar e Punir
O poder separa o homem de si mesmo. Ele não reprime, ele produz, ele cria corpos, exercita habilidades, capacita, conduz. Isso se dá