Constituição da Vida Psíquica
As Formações Inconscientes de Freud a Lacan
Freud, na primeira tópica, dividiu a mente humana em três níveis de consciência: consciente, pré consciente e inconsciente. O inconsciente para Freud é o lugar aonde residem as forças que motivam o comportamento humano e por isso o foco principal da abordagem psicanalítica, funcionando como um receptáculo de lembranças traumáticas que foram anteriormente recalcadas e de impulsos que constituem fonte de ansiedade por não serem social e eticamente aceitáveis para o sujeito.
Acreditava que a origem das perturbações emocionais de um sujeito residia nas vivências traumáticas recalcadas por ele nos primeiros anos de vida, e que o acesso a seus conteúdos pela consciência só apareceriam de forma disfarçada: pelos sonhos, lapsos, chistes, atos falhos e sintomas, como uma atualização do trauma sexual infantil.
Tanto os sonhos como os lapsos, chistes, atos falhos e sintomas neuróticos funcionam sob a mesma lógica, pois em todos há a satisfação de um desejo. Para Lacan todos são constituídos pela linguagem, é uma mensagem cifrada inconfessa que segue a lógica do discurso inconsciente do sujeito.
O sonho, por exemplo, realiza um desejo e traz à tona questões ligadas à sexualidade, apontando para a existência desses pensamentos anteriormente recalcados no inconsciente. O desejo se realiza em sua encenação vivida no sonho, como um filme. O inconsciente está tanto no sonho como em seu relato, porém é por meio do segundo que a análise se dá.
Para Lacan o inconsciente é estruturado como linguagem e o sujeito é consequentemente determinado pelo discurso inconsciente, se caracterizando como sujeito a partir da aquisição da linguagem. Utilizando o exemplo do sonho, o inconsciente é estruturado como linguagem, pois o sonho é feito, ainda que figurado, de linguagem. O relato do sonho exige uma elaboração do sujeito, por meio dessa linguagem.
A dimensão simbólica e a linguagem existem antes de existir