Confiança e medo nas cidades
O polonês Zygmunt Bauman em Confiança e Medo na Cidade fala sobre a nova configuração urbana que vem se definindo na Europa, e também, nas grandes cidades em todo o mundo, procurando compreender as alterações sociais e psicológicas dessa mudança. Ele trata das questões que dizem respeito à confiança e ao medo na cidade, expondo que esse medo e o desejo de segurança praticamente nunca são encontrados. Trata também do individualismo moderno das pessoas e de sua integração via afastamento, que acabam promovendo o fim dos antigos e sólidos laços sociais a favor de uma tentativa incessante e sem garantias de superar a insegurança em que acreditam estar vivendo. Discute-se também a questão do estrangeiro como o principal agente provedor da insegurança, assim como a tendência dos “inseguros” de se isolarem atrás de muros e evitarem o contato com outros indivíduos que não os que se assemelham a estes na questão cultural e social; e da parcela de culpa do exagero do marketing e mídia por enfatizar exacerbadamente a segurança em tudo que apresentam ao público, estimulando a ideia de que o perigo está por toda parte.
O autor inicia falando sobre a tendência que os cidadãos europeus vêm tendo em sentir medo, mesmo com todos os recursos que têm à sua disposição em termos de segurança. A insegurança moderna não surge da perda de segurança em si, mas da incerteza de seu objetivo. Se a proteção de fato disponível e as vantagens que desfrutamos não atendem às nossas expectativas e as regras não são exatamente como deveriam, tendemos a imaginar maquinações hostis, complôs e conspirações de um inimigo que pode se encontrar em qualquer lugar; ou seja, deve haver um culpado, crime ou intenção criminosa.
O individualismo exacerbado é um ponto fundamental, pois ninguém faz mais nada em grupo, gerando a insegurança individual. Têm-se medo dos crimes e dos criminosos, suspeita-se dos outros e de suas intenções, instaurando a desconfiança. Esse fato