Confiança e medo na cidade
BAUMAN, Zygmunt. Confiança e medo na cidade, Rio de Janeiro, Jorge Zahar
Editores, 2009.
ARENDT, Hannah. Da Violência. RJ. Vozes. 1994
Gabrielle SOEIRO¹
A obra Confiança e medo na cidade, do sociólogo polonês Zygmunt Bauman, foi lançada na Itália em 2005, o autor procura identificar na obra características da sociedade moderna que causam os temores da cidade contemporânea. Para pensar as materializações e efeitos do medo, Bauman toma essa cidade como ponto de partida para sublinhar três aspectos complementares: é possível enxergar as cidades hoje como depósito de problemas de toda natureza e proporção; elas podem ser vistas como campos de batalha, em que a mixofilia e a mixofobia disputam e, por fim, atrelado a esses dois aspectos, podemos ver as cidades como laboratório de experiências a partir da convivência com a diferença.
Não obstante a Bauman, na obra “Sobre a Violência”, Hannah Arendt aborda a violência apresentando como ‘pano de fundo’ de suas reflexões as situações ocorridas no século XX, ressaltando a importância do desenvolvimento tecnológico no contexto das guerras, chegando mesmo a afirmar que estas perderam sua eficácia e até mesmo o seu “fascínio”. Ela contesta o posicionamento de pensadores como Wrigt Mills, para quem “toda política é uma luta pelo poder” e “a forma básica do poder é a violência”. A autora afirma ser a violência uma forma de implemento, um instrumento, não é sinônimo do poder, mas ao revés, é capaz de destruí-lo.
Os dois autores impactam nas leituras de seus livros, ao abordarem a violência e o medo social resultante da ação da primeira sobre as cidades, acarretando uma série de consequências significativas para a sociedade civil, variando de modificação de hábitos cotidianos ao esvaziamento do espaço público, de onde se destaca o seu viés político.
Sob a ótica arendtiana, uma das mais óbvias distinções entre poder e violência é a de que o poder sempre depende dos números, enquanto a violência, até