Confiança e medo na Cidade
Da confiança ao medo: viver nas grandes cidades em tempos de globalização
Por Gustavo Souza1
“É nos lugares que se forma a experiência humana, que ela se acumula, é compartilhada, e que seu sentido é elaborado, assimilado e negociado.
E é nos lugares, e graças aos lugares, que os desejos se desenvolvem, ganham forma”. Esta constatação de Zygmunt Bauman, em Confiança e medo na cidade (Jorge Zahar, 2009), pode inicialmente apontar para um duplo encaminhamento: a materialidade espacial onde se executam e se veem as experiências e expectativas das ações cotidianas, em suas variadas possibilidades de combinações, assim como o caráter cada mais rarefeito e virtual que o espaço físico, material e palpável vem experimentando nas últimas décadas. Independentemente da configuração que o lugar apresenta, ele está constantemente sujeito a um elemento que parece não conhecer fronteiras frente à proliferação acelerada e fragmentada dos espaços: o medo. Ao diagnosticar esse movimento, que não é novo, mas que tem emergido com significativa força na academia e em imagens e mensagens que circulam nos meios de comunicação, o sociólogo traz à baila, em seu mais recente livro lançado no Brasil, um tema que permeia uma infinidade de espaços, de lugares, e que já merecia sistematização mais efetiva.
Para pensar as materializações e efeitos do medo, Bauman toma a cidade – palpável e concreta – como ponto de partida para sublinhar três
Doutorando em Ciências da Comunicação pela ECA/USP. Mestre em Comunicação e Cultura pela ECO/UFRJ.
Graduado em Comunicação Social/Jornalismo pela UFPE. Organizador do IX Estudos de Cinema Socine (Annablume, 2008), em parceria com Esther Hamburger e Tunico Amancio. E-mail: gustavo03@uol.com.br
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c o m u n i c a ç ã o , m í d i a e c o n s u m o s ã o p a u l o v o l . 7 n . 2 0 p . 3 3 7 - 3 4 2 n o v. 2 0 1 0
resenha
Confiança e medo na cidade.
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