Conceito de Fábula

Conceito de Fábula

Uma consulta ao dicionário evidenciará que o termo fábula suscita uma série de acepções. Foi o que demonstrou também Oswaldo Portella, em resultado de sua pesquisa sobre essa forma literária que figura entre várias outras do gênero épico/narrativo, como a parábola, o apólogo, o conto e todas as outras manifestações narrativas, ao começar a desvelá-la em seu artigo de título, pois, “A Fábula”. Portella aponta os seguintes significados atribuídos ao termo, retirados do dicionário Aurélio:

1. Narração alegórica, cujas personagens são, por via de regra, animais, e que encerra uma lição moral: as fábulas de La Fontaine. 2. Mitologia, lenda: os deuses da fábula. 3. Narração de coisas imaginárias: ficção. (...) 4. Fabulação (2). 5. Fig. Assunto de crítica ou mofa. 6. Enredo. 7. Bras. Quantia ou importância muito elevada; grande soma de dinheiro: gastou uma fábula com o carro. Também se diz (nesta acepção) fábulas, mas sem artigo. (FERREIRA, 1975, apud PORTELLA, 1983). Assim, o vocábulo, proveniente da raiz latina fa, dos verbos fari, fatus, de sentido falar, exprimir, pode indicar essa série de acepções, e, dentro do âmbito literário, apesar de algumas dessas ficarem de fora, pode ainda ter diferentes significações. Fábula, nesse contexto, pode tanto indicar a forma literária fábula, objeto da mencionada pesquisa, ou, quando em equivalência a mito, segundo a Poética de Aristóteles (MOISÉS, 2002) é a intriga, e o mais importante elemento da tragédia, quanto assumir conotação semelhante a de fabulação (também grafada efabulação), que é a de enredo, história, utilizada pelos formalistas russos – trata-se, pois, de um “conjunto de acontecimentos ligados entre si e que nos são comunicados ao longo da obra” ou “conjunto de motivos em sua (sic) seqüência cronológica e de causa e efeito” (TOMACHEVISKI, 1965, apud MOISÉS, 2002) –, e essa própria noção de enredo e história quando sob o escopo da teoria literária. Cabe aqui tratar da primeira,